Silêncio
Chegaram acaso os dias de silêncio? Eu sei. A festa
da carne te saciou e estás agora preenchido até os poros de extremas
volúpias e danças dionísias. Os teus pés insinuam passos carnavalescos e o teu
corpo confunde corpos com outros que te deram um prazer efêmero, tua face, porém, guarda uma expressão séria, quase triste, enquanto ao teu redor estão
também os arrependidos, com suas infinitas culpas inúteis.
São as cinzas...
E seria este o tempo de se esgueirar com tímidos passos e a cabeça baixa? Talvez
não. É certo que a quaresma é como um longo domingo, e "domingo eu descobri que Deus é triste, pela semana afora e além do tempo"... Mas eu quero mais dos
domingos, tristeza sim, culpa nunca, silêncio só o eficaz... Eu quero mais vinho,
meus pés querem mais dança. Mas chegou o tempo do silêncio.
4 Comments:
Não há dia predestinado ao silêncio, há momentos que cada um escolhe, mas nem todos dizem algo que preste mais do que um arroto.
Primeira leitura:
Belíssimo.
Segunda leitura:
Belissíssimo.
Terceira leitura:
Belo e é isso.
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