MÁSCARAS ÓBVIAS

28 abril 2006

Ciúme - A uma passante

Ainda que minha filha casasse sem minha autorização, ainda que todos os meus amigos compartilhassem os copos com os mais vulgares, ainda que minha mulher se entregasse ao mais vil e andrajoso dos homens, ainda que eu tivesse crescido ouvindo os gemidos de uma mãe promíscua e infinitamente ruidosa... a tudo isso eu reagiria feito um homem calmo e feliz, eu nunca conheceria um farrapo do que é o ciúme.
Entretanto, olhos desconhecidos se aproximaram de mim e depois o corpo dela, meio sorrateiramente, correu atrás dos olhos, em minha direção. Então, eu amei essa desconhecida, talvez nem Baudelaire me entenda, mas nesse maldito momento eu amei a desconhecida que também me olhou, dizendo que me amava, e ao mesmo tempo, deixou que um marido, um amante, um namorado de dez anos, o diabo chegasse, abraçasse-a por trás e a beijasse...
Eu nunca senti mais ciúme em minha vida...

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

ótimo! é um sentimento comum...apropriamor-nos do que não é nosso. Casual ou não, é sem dúvida um tesão correspondido e ao mesmo tempo efêmero...

8:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Escrito belo e intrigante.

5:23 PM  
Anonymous Anônimo said...

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4:08 AM  

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