MÁSCARAS ÓBVIAS

11 maio 2006

Engravidar e ficar grávida

Podería começar a falar das mães retratando apenas do lado sagrado desse belo papel, tratá-las como seres não-humanos e que vieram ao mundo para nos dar a vida e um amor incondicional; nos preparar e proteger-nos nas adversidades; e se abdicar de todos os seus desejos e vontades para ver felizes seus filhos. E comecei, pois a maioria das pessoas acha que mãe já nasce assim, pronta. A mesma maioria que se choca ao saber de casos de abandono de bebês em lagoas, rios, latas de lixo. Depois de tudo isso, como acreditar que toda mulher nasce com instinto maternal? E por que devo eu acreditar que engravidar é o mesmo que ficar grávida? Porque existe uma sutil diferença, na primeira, a mulher escolhe, assume sua individualidade, responsabilidade, seu desejo de ser mãe e se propõe a construir o seu papel de mãe (tão inesquecível para a maioria da gente) com o filho, desde a sua gestação, ela nos quer.
Na segunda não, fica-se grávida porque a camisinha estoura e você não tomou anticoncepcional; fica-se grávida porque te falaram que este é o principal papel que uma mulher pode desenvolver na vida e seu companheiro quer; porque você não sabia que poderia evitar a gravidez com métodos contraceptivos...Poxa, e nessas horas, onde foi parar você? "O que você quer?"
Passei duas das melhores horas da minha longa estadia em Ilhabela nesta semana, quando comecei a traçar o esbolço editorial da matéria especial do Dia das Mães e ouvi de uma psicoterapeuta**, mãe de cinco filhos, que ser mãe é primeiro saber o que quer e fazer por si mesma, é querer ser mãe, aprender, expandir para dividir, se multiplicar, (por um, dois, três...filhos) e se doar; é fazer do amor dos filhos força, gasolina e motor para correr atrás dos seus sonhos, mas antes de tudo ser inteira.
E a gente sabe que não é só a mãe que nos coloca no mundo que é capaz de nos amar como filhos, a moça da Pampulha com certeza não é, mas porque ela não quis. Como a gente sabe que tem gente que engravidou tomando pílula de farinha (lembram?), por acidente e aprenderam a amar seus filhos. Quantas pessoas você conhece que já foram criadas pela avó, a tia, por um desconhecido? E também não tem tantos pais que desempenham ótimos "papéis de mãe", que lavam a roupa, fazem o jantar e trocam fraldas? E por que a mãe tem que ser uma coisa só? Cada um é o que quer ser.
Quando eu tinha apenas os meus oito anos e ficava olhando a Rita em tudo o que ela fazia para ter certeza de que ela estava feliz por eu estar ali, eu já sacava que ser mãe era mais uma das tantas coisas que ela fazia com alegria e poderia fazer e não só cuidar da casa, mas fazer tudo o que tivesse vontade de realizar. E hoje ela faz dança de flamenco, informática e as vezes nem acho ela pelo celular. Dá ciúmes no começo, mas sou bem mais feliz hoje por ela fazer tudo o que tem vontade. E o que a sua mãe quer? Você já sabe?

Cristiane Lopes - e a psicoterapeuta é Alejandra Borgström

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

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4:08 AM  
Anonymous Anônimo said...

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