MÁSCARAS ÓBVIAS

26 janeiro 2006

Por que as prostitutas da Praça Afonso Pena são feias?


Elas já foram rotuladas como, melindrosas, atrizes de pornô chanchada, cocotes, acompanhantes, garotas de programa, prostitutas, primas...etc...etc...e etc...

No Brasil, poucas delas conquistam êxito nessa sociedade hipócrita. Aqui tivemos Hilda Furacão, prostituta na década de 60, bela e jovem, largou família, noivo e o ciclo da alta sociedade mineira de Belo Horizonte, para viver por quatro anos na zona boêmia, no “bairro das Camélias”, dizia ser sua sina. Fez fortuna e partiu sem destino. Sua história transformou-se em livro e tema para minissérie. Para muitos, Hilda não passou de uma história bem contada por Roberto Drummond.

Atualmente, a mais recente é a bela, Rachel Pacheco, ou Bruna Surfistinha, aos 21 anos e dona de uma sinceridade letal, a paulistana de classe média deixou pais, amigos e foi viver em casas de prive e em seu flet em São Paulo.
Hoje, Rachel deixou a profissão de garota de programa, sua história resultou em um livro autobiográfico, “O Doce Veneno do Escorpião”com a personagem Bruna, vendeu 10 mil exemplares em uma semana. Tem repercussões em várias emissoras e sites pela rede, e irá virar longa metragem. O motivo pelo qual Rachel alcançou seus objetivos? Seu belo corpo, curvas e rosto.

Faço aqui um contraponto; Por que as prostitutas da Praça Afonso Pena são feias?
Olho aquelas mulheres com compaixão. Jovens, maduras, loiras, morenas... são várias que perambulam pela praça, no centro em busca de R$ 10 reais ou quantia menor. É possível cruzar com uma logo pela manha ao ir para o trabalho.

A diferença que vejo nas mulheres da Afonso Pena para as Hildas e Brunas espalhadas por ai, não é a história, e sim o descaso próprio. A mulher de programa que se preze é narcisista, ela cuida de si, sempre esta bela, cheirosa a espera do seu primeiro e do último homem da noite. Em suas curvas poderemos nos deleitar, voltar para nossos lares mais felizes, sabendo que aquele momento valeu a pena.

O a libido não é encontrado em sarjetas ou latas de lixo, esta em cada um. Por que então o descaso? Por que então marginaliza-lo?
Confesso que não sou admirador do prazer pago, mas se o praticasse, certamente iria querer alguém que despertasse em mim o que não tenho na minha cama.
A mulher da vida ideal é aquela que cuida de suas formas, as mantém, ama a si primeiro, para amar o outro, cuida de sua beleza, é perfumada, sabe o que quer.
Essa sim é digna de uma boa remuneração depois de fornecer prazer alheio, essa sim tem ambição e pode se dizer que está ali de passagem, como Hilda e Bruna, que souberam fazer a vida.

Feias ou belas, as prostitutas da Afonso Pena, assim como milhares por ai, sabem oferecer carinho. Presencie essa cena ao ver um homem jovem, negro, deitado nos braços de uma mulher da vida... Ela? De meia idade, um pouco acima do peso, pele morena, roupas inadequadas que exibiam suas carnes, batom vermelho sangue, cabelos maus tratados pintados de preto, unhas bem feitas, acariciava lhe o rosto daquele que certamente lhe pagaria pelo menos o pão de amanhã.

Por este momento, concluo que perdemos a bela e fogosa, Bruna Surfistinha, mulher assim para fornecer prazer vai ser difícil, só em Vip e Playboy, ou na Private. Mas ainda sim, oponho-me a um amigo e vou preferir sempre as brasileiras. Menos as que ficam na Praça Afonso Pena...