MÁSCARAS ÓBVIAS

12 abril 2006

ESTRANGEIRO

KANDISKI

Eu sou estrangeira de mim mesma. Alma cerrada, vagando por esse espaço sem encontrar uma terra que pertença, sem encontrar um pertence nessa terra...
Estrangeira que sou, ando assim pelas estradas noturnas, procurando abrigo, colo, abraços, conversas, observando o mundo. Paralelos.
Eu como estrangeira de uma terra sem fim, vivo procurando algo que me faça sentir a vida como brasa. Quente e forte. Potente, fortaleza!
Me sinto assim sem lugar no mundo, encontrando corpos cheios de vontade e vida. Pessoas especiais que participam de mim, que emanam de mim, que me encantam, e derramam um bálsamo de querer-bem-estar-contigo-agora-e-sempre.
Eu, eu mesma! Estrangeira com porto definido pelo porto seguro de tuas mãos em meus cabelos em noite de lua cheia, em noites de lua vaga. Estrangeira que sou me sinto bem assim, com você dentro de mim!
Estrangeira que sou, me sinto livre pra não ser de lugar algum. Me sinto livre pra ser de algum lugar por algum tempo. O meu passaporte é a lembrança que carrego da vida. Memória de minha pele.
Não pertenço ao mundo, ele é que me pertence. Eu não sou estrangeira do mundo, sou estrangeira de mim mesma. As vezes não me (re)conheço, olho através de mim, e não sou eu que estou por aqui.
As vezes me perco.
Me perco querendo me encontrar, é verdade, mas perdida fico entre vagar por entre nuvens e brisa e vento e chuva, até mesmo tempestade! E me achar no meio desse clima insólito e lento é difícil e árduo e gostoso e breve momento...
Eu, estrangeira vivo a recortar momentos pra colar no fio que se forma minha vida faminta e cheia de desejos, consternação, indignação, paixão e vontade de me perder novamente, pra poder me encontrar comigo mesma. Paradoxo!
Eu estrangeira de mim, me largo, me solto, me perco. Não procuro respostas, apenas quero ser assim mesma, sem fronteiras, sem porto, nem milagres...apenas SER...
Interno, íntimo...EU

Você também sente assim?

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Sim. Gostei. Belo

11:49 AM  
Anonymous Anônimo said...

Imagino uma cena: José Celso Martinez Corrêa dançando e cantando... "Nós, as cobaias de Deus, nós somos, os cobaias de deus, nós somos as cobaiaaaaaas de deus...".
Belo escrito.

9:38 AM  
Anonymous Anônimo said...

Nossa, que imaginação, hein Sérgio!!!!

11:19 AM  

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