MÁSCARAS ÓBVIAS

30 outubro 2006

Bonito e assustador
Dia de bom sol, luz de Deus acesa, iluminado dia. Era de tarde. Rua de terra marrom-claro. Paisagens essas típicas do meu mundo de moleque. Aquelas plantas espinhentas, sabe, que se vê por aí, de florezinhas vermelhas, cercando o muro da casa do João Baldi. Eu por ali e mais alguns - só não me lembro mais quem eram os mais alguns. O barulho por entre os espinhos, a princípio um ser não identificado, ser estranho, sinuoso e ágil. Lembro do amarelo de sua pele. Era um lagarto. Era bonito e assustador - como me são, aliás, os répteis. Não sei dizer se foi o primeiro lagarto visto em minha vida, mas, se não foi, foi com certeza o que mais me chamou a atenção até hoje, bem devido a situação de suspense vivenciada por mim, e, antes que você leitor me diga, suspense não bem relatado aqui, sei. Também já não me lembro mais se ele foi então capturado, morto, ou se fugiu. O lagarto.
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Lamentoso

Perante a desgraceira do mundo, considero-me um afortunado, mas não há como não lamentar certas luxúrias que certas lindas fêmeas insinuam a mim e, por ser um "pobre burguês", sou impedido de vivenciá-las.

28 outubro 2006

Rádio Cultura, 103.3 FM -

Nas tempestades de areia do nosso destino, nas cavernas mais profundas da nossa ancestralidade, nos subterrâneos da nossa aventura, escondem-se delatores e terroristas, carcereiros e torturadores, cassandras e patriotas, usurpadores e sociopatas. As guerras são a hora de sua plena libertação.
(Rodolfo Konder)
Convido àquele que lê este blog a ouvir o programa "O sabor da crônica", por Rodolfo Konder. São curtas e belas leituras - uma por dia -, feitas de maneira "cansadamente elegante" por esse senhor, pensador brasileiro. O programa é entre duas e duas e dez da tarde, na excelente rádio Cultura de São de Paulo - 103.3 FM.
Apreciem.

27 outubro 2006

Instabilidades

"I love you..." - apenas uma das instabilidades humanas.
"I hate you!"
- outra.

21 outubro 2006


A expressão do inferno tem
a voz, os gestos, as formas
- "uns Münchs sinuosos
- alucinógenos - coloridos!" -
- carnaval! -
do desespero.
Como uma "explosão cega" perante um
, ornado por um!,
desconhecido meio azul quase escuro,
de pontilhados
- luz? -
claros brancos.
Ô, sêo Ô,
O que que cê tá indo fazê naquela igreja lá, ein, ô, sêo Ô?
O que que cê tá indo fazê lá, ein, ô, pastor... ô, sêo Ô, perdão...
O que eu quero dizer é o seu nome, ô, sêo Ô,
Qual é o nome, ô, sêo Ô,
O nome do que cê tá fazendo lá naquela igreja lá, ô, sêo Ô,
Me diga lá -
As amizades
ou
Futuras guerras

Relaxem, quando se consolidar a exploração - claro, quando conseguirmos recursos para isso - de outros sistemas, com seus respectivos planetas, suas vistas estrelas, peculiares luas, cores e formas, e com seus seres extraterrenos, nós, então ciborgs terráquios, nos uniremos a favor de um bem comum contra as invasões de alguns desafetos nossos ETs. O bem comum é a sobrevivência. É por essas e outras que se fazem as amizades.
O visto e o não visto
ou
O finito e o infinito
A vida - ou existência, se preferir - ou um sinônimo outro qualquer, se quiser - é, a nós, muito ampla. É vasta a vida. Certa vez em tempo já passado disse eu e digo agora em tempo que já passa: "O que consideramos como infinito é aquilo até onde a nossa percepção não consegue mais alcançar". O infinito, no entanto, está no invisível, naquilo que não se vê
- sei que "invisível" e "naquilo que não se vê" tem o mesmo significado, mas fiz essa redundância para deixar bem clara a idéia - nada turva e, muito menos, invisível. O que se vê existe, mesmo "não existindo". O que quero eu dizer é que todas as realidades vistas - sejam elas para nós "reais" ou imaginadas - existem. E tudo que existe, tudo que enxergamos, é finito
- pois o ver dá um desfecho, uma conclusão, mesmo que inconclusa. O infinito está no que se perde, naquilo que começa a se embaçar e se perde, e não mais se vê. O micro e o MACRO, no entanto- assim suspeito eu -, estão interligados. Sim, é a questão da parte e do todo, ou seja, a parte diz do todo, e este diz da parte. Me surge agora uma idéia, e arrisco a dizê-la a você leitor qualquer: o simples está naquilo que se vê, e de preferência também naquilo que se pode fazer.
Assim sendo, ou, se assim for, encontramos então uma verdade mais real, mais vivenciada, ou, como está na moda dizer, mais prática. Entretanto, é bom lembrar, que as brechas são inerentes a nós, estando tal verdade prática, mais amadurecida, sempre brechada - sei, termo feio, nada bonito e nada poético. Mas transmite a idéia de algo quebrado, bom para o sentido.
Logo, perante essa vasta existência - ou vida, se preferir - ou um sinônimo outro qualquer, se quiser - que se nos perde de vista, concluo que somos simples por condição natural.

20 outubro 2006

Pulso ainda pulsa?

O Pulso

Arnaldo Antunes
O pulso ainda pulsa
O pulso ainda pulsa
Peste bubônica câncer pneumonia
Raiva rubéola tuberculose anemia
Rancor cisticircose caxumba difteria
Encefalite faringite gripe leucemia
O pulso ainda pulsa
O pulso ainda pulsaHepatite escarlatina estupidez paralisia
Toxoplasmose sarampo esquizofrenia
Úlcera trombose coqueluche hipocondria
Sífilis ciúmes asma cleptomania
O corpo ainda é poucoO corpo ainda é pouco
Reumatismo raquitismo cistite disritmia
Hérnia pediculose tétano hipocrisia
Brucelose febre tifóide arteriosclerose miopia
Catapora culpa cárie câimbra lepra afasia
O pulso ainda pulsa
O corpo ainda é pouco

16 outubro 2006

Fanzine

Caros amigos,aguardem!A sexta edição do Traço um fanzine está quase pronta.

Selmer/traço.

14 outubro 2006

Algumas -
Mais dizemos do que fazemos. É só checar os ditos vários de políticos, como exemplo óbvio. E independente de partido.
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Olha, Lula e os demais petistas, na época em que eram então oposição, criticavam gritantemente a situação - faziam bastante barulho mesmo -, dando-nos a impressão de serem seres "morais", "éticos", "íntegros", de grande honradez e honestidade. Já nos peessedebistas, percebo uma postura de oposição mais irônica e cínica - não os vejo barulhentos como eram os petistas. O barulho hoje cabe aos partidos nanicos, que fazem barulho justamente por serem nanicos - é uma forma de aparecer. Assim sendo, devido aos barulhos feitos em passado recente, quando era oposição, e também aos sucessivos casos de corrupção exposta, agora na situação, o PpT, Partido partido dos Trabalhadores, tem mais é que agüentar as excessivas críticas - repito: que eles tanto faziam! - dos vários setores da sociedade. Pode-se assim dizer, para concluir, que os cuspes cuspidos p'ra cima dos petistas caíram em suas próprias caras. Agüenta estrelinha.
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E o Genoíno, gentem? Ficou sumido por um tempo, né? Por que será, ein? E voltou - vocês viram? - meio silenciosamente...
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Quero ser anti-político. Ou seja, fazer mais e falar menos. Ou falar apenas aquilo que faço.
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09 outubro 2006

A noiva desnudada pelos seus pretendentes, mesmo ou O grande vidro

Le cœur de la mariée mis à nu par son célibataire, même ou Le grand verre, Marcel Duchamp
(cacos de vidro, verniz, fios metálicos, fios de aço, pó e óleo sobre vidros)

08 outubro 2006

Sensatez

O "M" é um "H" bela-mente! deitado de frente p'ra nós com suas pernas oferecidamente abertas - imagine, ora. E assim sendo, considero bem sensata a diferenciação feita entre
Hotel e Motel.

06 outubro 2006

Receita a favor
de um aprimoramento
no desempenho da oratória
de sua nobre
excelentíssima figura,
o bom político brasileiro
- algumas inúteis letras -

1. Admitir os erros do partido a que se pertence - as falhas de seus membros e as suas próprias -, admitindo que certas propostas prometidas em campanha não foram possíveis de serem cumpridas; isto é, admitir os pontos negativos;

2. Admitir também as realizações feitas do partido adversário; ou seja, admitir os seus pontos positivos.

Assim sendo, estabeler-ce-á uma postura mais ética e honesta na nossa vida política. E sabendo bem, claro - afinal, disso não podemos esquecer -, que tal honrada postura terá que ser feita nos moldes charmosos e elegantes do embuste, isto é, com o Belo e sedutor cinismo, de preferência se estiver ornado de palmas e de bons idiotas assistindo.


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03 outubro 2006

Conversas com o cu
ou
Novos xingamentos

Ô, sêo Ô, vá de cu para o vácuo, ô - - -
Vá cu, ô, vá de cu para o vácuo, ô - - -
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