MÁSCARAS ÓBVIAS

31 julho 2006

O futuro

O futuro?
O futuro antes da morte?
O futuro... Bem, é daqui a pouco.
Frivolidades

E o homem do avesso diz:
- A filosofia p'ra mim, o ato de divagar pelo mistério, é-me agradável bate-papo-furado...
Difícil mesmo, aquilo com que tenho dificuldade, bem, são as frivolidades!

28 julho 2006

"A mulher do gênio é a última a saber."
(sir Millôr Fernandes)
Não preciso de droga!
De droga, já basta eu.

Mediocre

A cada esquina eu me persuado mais de que, para se dar bem em certas coisas, é preciso ter vocação para o mediocre. Não que todos não sejamos um pouco, (até os os gênios, se você cavucar bem, sempre têm uma unha torta, uma idéia estúpida...). Mas a mediocridade está entre as coisas que, nos outros, só alguns poucos conseguem suportar: em si mesmo é diferente, em si mesmo tudo é ignorável e, nos menos autocríticos, perdoável. Agora, a questão não está na própria mediocridade e métodos de tratá-la, em si mesmo: é preciso, para galgar a escadaria do mundo, para fugir do castelo do altismo em que aqueles que têm um "dentro" ficam por vezes refugiados, é preciso ter nascido para aturar o mediocre, é preciso ter um "saco" tremendo... Tudo às vezes parece recair num imperativo de aceitação do mediano: por isso que com muita freqüência acho que nunca vou deixar de ser altista.

25 julho 2006

Um Beijo
que tivesse um blue.
Isto é
imitasse feliz a delicadeza, a
sua,
assim como um tropeço
que mergulha surdamente
no reino expresso
do prazer.
Espio sem um ai
as evoluções do teu confronto
à minha sombra
desde a escolha
debruçada no menu;
um peixe grelhado
um namorado
uma água sem gás
de decolagem:
leitor embevecido
talvez ensurdecido
"ao sucesso"
diria meu censor
"à escuta"
diria meu amor

(Ana Cristina Cesar)

24 julho 2006

Em 1905, na China Imperial, um jovem chamado Fou Tchou Li foi considerado culpado pelo assassinato de um príncipe, Ao Han Quan, e submetido ao suplício dos Cem Pedaços.
Eis algumas pouquíssimas quase nada seqüências de imagens registradas:







Mais informações, acesse Agulha - revista de cultura - vá lá no Google.

História do Olho - Georges Bataille


"(...)
Apavorado, o padre levantou-se, mas o inglês torceu-lhe um braço e jogou-o novamente nas lajes.
Sir Edmond amarrou-lhe os braços atrás das costas. Eu amordacei-o e atei-lhe as pernas com o meu cinto. Depois que ele foi parar no chão, estendido, o inglês segurou-lhe os braços, comprimindo-os em suas mãos. Imobilizou-lhe as pernas envolvendo-as com as suas. De joelhos, eu mantinha a cabeça entre as coxas.
O inglês disse a Simone:
- Agora, trepa nesse rato de sacristia.
Simone tirou o vestido. Sentou-se sobre o ventre do mártir, com a boceta perto do cacete mole.
O inglês continuou, falando sob o corpo da vítima:
- Agora, aperta-lhe a garganta, um canal mesmo por trás da maçã de Adão: uma forte pressão gradual.
Simone apertou: um tremor crispou o corpo imobilizado, e o pau ergueu-se. Agarrei-o e introduzi-o na carne de Simone. Ela continuava apertando a garganta.
Violentamente, a moça, ébria até o sangue, remexia, num movimento de vaivém, o pau retesado no interior de sua vulva. Os músculos do padre ficaram tensos.
Por fim ela apertou tão decididamente que um violento arrepio fez estremecer o moribundo: ela sentiu a porra inundá-la. Então largou a garganta e caiu, derrubada por uma tempestade de prazer.
Simone permanecia estendida sobre as lajes, de barriga para o ar, com o esperma do morto escorrendo pelas coxas. Estendi-me para fodê-la também. Estava paralisado. Um excesso de amor e a morte do miserável tinham-me esgotado. Nunca me senti tão feliz. Limitei-me a beijar a boca de Simone."

22 julho 2006

Eu às voltas com a ginga

O gingar é um esboço da dança, uma insinuação, para alguns, uma tentativa...
O gingar é um andar levemente dançante.
Quem ginga, é claro é, a muitos incomoda, pois ela, ginga, exibe sua resistência, ou seja, não desistência.
A ginga é uma espécie de orgulho - orgulho gingante!
A ginga, assim "penso penso", agrada as moças mulheres, pois, como já dito e repito, insinua dança, e dança é vida - sensualidade.
Algumas mulheres, no entanto, desandam a falar mal, a criticar os gingantes... Isso, no fundo, porém, é atração-desejo reprimida-recalcado.
Ginga é poder.
As mulheres... Bem, essas já gingam por natureza.

20 julho 2006

Ginga

Anda cansado?
Ombros caídos e cabisbaixo?
Tesão em baixa?
O ser diminuído pela maldade humana?
Saiba, a história caráter humano é cruel.
Mas não se preocupe, relaxa, eu sei a solução!
- Gingue!
Sim, gingue!
Pois gingar é maneira de resistir!

18 julho 2006

Não nos esqueçamos, como homens da vita contemplativa [vida contemplativa], que males e infortúnios alcançaram, pelas diferentes ressonâncias da contemplatividade, os homens da vita activa [vida ativa] - em suma, que conta nos apresenta a vita activa, ao nos vangloriarmos diante dela com nossas boas ações. Primeiro: as chamadas naturezas religiosas, que pelo número predominam entre os contemplativos, e, portanto, representam sua espécie mais comum, sempre agiram de forma a tornar a vida díficil para os homens práticos e mesmo estragá-la, quando possível: obscurecer o céu, apagar o Sol, suspeitar da alegria, desvalorizar as esperanças, paralisar a mão atuante - isto souberam fazer, assim como tiveram, para épocas e sentimentos miseráveis, os seus consolos, esmolas, socorros e bênçãos. Segundo: os artistas, um tanto mais raros que os religiosos, mas ainda uma espécie freqüênte de homens da vita contemplativa, foram geralmente, como pessoas, intoleráveis, caprichosos, invejosos, violentos, querelentos: tal efeito deve ser descontado dos efeitos animadores e exaltadores de duas obras. Terceiro: os filósofos, gênero em que se acham reunidas forças religiosas e artísticas, mas de forma que ao seu lado se coloca um terceiro elemento, a dialética, o gosto em demonstrar, foram autores de males à maneira dos religiosos e artistas, e além disso causaram tédio em muitos homens com o seu pendor dialético; mas o seu número sempre foi pequeno. Quarto: os pensadores e os trabalhadores científicos; eles raramente visaram produzir efeitos, limitando-se a escavar tranqüilamente suas tocas de toupeira. Assim causaram pouco aborrecimento e mal-estar, e com freqüência, inclusive como objeto de troça e riso, sem o querer, tornaram a vida mais leve para os homens da vita activa. Enfim, a ciência tornou-se algo muito útil para todos: se, por essa utilidade, tantos predestinados à vita activa abrem hoje para si um caminho rumo à ciência, com o suor de seu rosto e não sem desassossegos e imprecações, a hoste dos pensadores e trabalhadores científicos não tem culpa nessa desventura; é "pena imposta a si mesmo".*

*Segundo nota do tradutor Henri Albert, é citação de um cântico do século XVII.

( Friedrich Nietzsche, aforismo "Determinação do valor da vita contemplativa.", do livro "Aurora")
Do que pensei não sobrou nada.
Na hora azul da escrita
A caneta falhou
E lá se foram meus pássaros
Em busca de outras árvores.
(Reginaldo Poeta Gomes - 17-07-2006)

16 julho 2006

Sonho

A vida nos dá inevitáveis pancadas quando ousamos a sonhar. Por isso, o sonhar, o evitamos, ou, se não, embarcamos nele com cautela. Mas sonhar é uma faceta do homem pensamento, da mulher fantasia... Cada qual, porém, tem a sua medida de grau e de sensibilidade. . . Já pensei - e mais de uma vez: "é difícil medir as sensibilidades...", por serem elas peculiares - apesar de eu suspeitar serem e terem a mesma origem. . . Se sonhar, no entanto, é faceta nossa, estamos, então, "presos aprisionados" ao sonho. Sonho-vida-Vida-sonho.
E por que haverias de querer minha alma
Na tua cama?
Disse palavras líquidas, deleitosas, ásperas
Obscenas, porque era assim que gostávamos.
Mas não menti gozo prazer lascívia
Nem omiti que a alma está além, buscando
Aquele Outro. E te repito: por que haverias
De querer a minha alma na tua cama?
Jubila-te da memória de coitos e de acertos.
Ou tenta-me de novo. Obriga-me.

(Hilda Hilst)
Trechos

(...)
- Assim, os mais antigos gregos olharam a inveja de forma diferente de nós; Hesíodo a inclui entre os efeitos da boa, benéfica Éris, *e não era ofensivo reconhecer algo de invejoso nos deuses: compreensível, num estado de coisas que tinha por alma a competição; mas a competição era avaliada e estabelecida como algo bom. De igual modo, os gregos eram diferentes de nós na avaliação da esperança: viam-na como cega e pérfida; Hesíodo insinuou numa fábula a coisa mais forte sobre ela, algo tão estranho que nenhum intérprete recente o compreendeu - pois vai de encontro ao espírito moderno, que aprendeu, com o cristianismo, a acreditar na esperança como uma virtude. Já entre os gregos, que não tinham por inteiramente fechado o acesso ao conhecimento do futuro, e para os quais, em inúmeros casos, uma indagação sobre ele tornou-se obrigação religiosa, quando nós nos satisfazemos com a esperança, ela teve, graças aos oráculos e adivinhos, de ser um tanto rebaixada e degradada em algo ruim e perigoso. - Os judeus perceberam a ira de forma diferente de nós e a declararam sagrada: viram a sombria majestade do ser humano, com que ela se mostrava associada, a uma altura que um europeu não pode conceber; moldaram o seu irado e santo Jeová conforme os seus irados e santos profetas. Medidos por eles, os grandes furiosos, entre os europeus, parecem criaturas de segunda.

* Éris é a personificação da Luta ou Discórdia; Hesíodo distingue entre a Éris maléfica, que apenas incita ao combate destrutivo, e a benéfica, que representa a competição positiva ( cf. Os trabalhos e os dias, vv. 11-26). Na frase seguinte, a outra menção a Hesíodo diz respeito aos versos 90-9 da mesma obra. Em sua tradução de Os trabalhos e os dias (ed. bilíngüe, São Paulo, Iluminuras, 1990), Mary de Camargo Neves Lafer prefere "Expectação", em vez de "Esperança", justificando-o numa rota ( p. 29 ).

( Trecho do aforismo "Os instintos transformados pelos juízos morais", de Friedrich Nietzsche, do livro "Aurora". )

14 julho 2006

Vou ao encontro da porta preta
Prá adentrar ao meu mundo
Absolutamente colorido.

(Reginaldo Poeta Gomes - 14 de Julho de 2006)
Lá no alto

No alto lá no céu as pipas
Papagaios
Espermatozóides voadores
A se cruzar...
Na briga
Umas se mantêm,
Outras caem
Bambas
A se rodopiar no ar...
Outras outras,
Poucas,
Caem a flutuar...

11 julho 2006

Toda mulher gosta de ser imaginada!...

08 julho 2006

MÁSCARAS ÓBVIAS -


04 julho 2006

Fish and Scales






De M.C. Escher