MÁSCARAS ÓBVIAS

30 março 2006

Deixe eu na minha carência,
Ela é sozinha
Só minha.

Carência é do ser,
É ela que nos impulsiona à comunicação,
E quem não se comunica
São só os mortos.


O anarquismo é bi!

27 março 2006

Hidrofobia


Eu queria ser marinheiro da gávea
Mas tenho medo de água

Eu sonhava ser bombeiro de uniforme
Mas tenho medo de água

Eu queria ter muito dinheiro
Mas tenho medo de água

Eu sonhava ser médico
Mas tenho medo de água

Eu queria ser feliz
Mas tenho medo de água.

25 março 2006

Mais dois de Bergman


Em muitos dos filmes de Bergman, há sempre o momento do "ápice da alma", onde os personagens jorram para fora os seus pensamentos sentimentos mais verdadeiros entre si. Estes dois filmes - Sinfonia de outono e Luz de inverno - são dois exemplos disso.

21 março 2006

N Ã O !

Não!
Não é a solidão das minhas palavras que me causa essa tristeza.

Não!
Não é a tristeza da minha solidão que geram essas palavras.

Não!
Não são essas palavras que geram a tristeza e a solidão e um não sem palavras.

Não!
Não é o não da minha afirmação sobre as coisas que me acalma.

Não!
Não é a visão da minha aparição que muda o que eu sou.

Não!
Não é nada que eu tenho a dizer sobre qualquer coisa.

Não!
Não é! Porque eu não quero ser.

Não!
Não sou!

Não fui!

Não sei...


Selmer/traço.

madalena


Bati perna. Arrastei asa. Arranquei roupa. Bebi, fumei, pequei de arreganhar. Me perdi de não me achar mais. Desci direto. Sem vergonha não era pouca. Motivo passou longe. Se queriam tinham, mas dinheiro antes. Fui até com gosto, que no meu gosto mando eu. Fingi também. Nunca de agrado. Quando convinha. E só assim. Fiz foi de tudo, que tudo é o que cada um faz quando faz... antes do resto... do fim... hoje. Nem me arrependo! Se é o que vocês querem saber... Pra mim o inferno é aqui. Delícia. Então? Não vão atirar essas pedras? Vou ter de ficar aqui o dia inteiro?

19 março 2006

Motivos para não dizer a verdade - eu feita homem

Fiquei pensando nisso o dia todo: quais motivos me impediriam de dizer alguma verdade. Sem maiores discussões filósóficas sobre, utilizo o nome para definir o sentimento primeiro, ponto de partida e chegada de todas as nossas ações, sentimentos pensamentos - a expressão máxima de transparência entre a consciência e o mundo social, inclusive nos momentos em que conversamos com a gente mesmo.

Permito-me a fazer uma ponte com a política, também utilizo-a aqui como campo de discussão de idéias convergentes, divergentes, ou simplesmente, paralelas, sim. Utilizamos a política para conseguir o que queremos, pessoalmente, depois coletivamente, socialmente.
Seria possível trabalhar nossa verdade de forma a conquistar tudo o que desejamos e me pergunto até que ponto poderia seduzir com ela? Nessa relação já me peguei e fui pega a tomar o jogo como sendo o mais importante que a própria verdade, agora como princípio ético.

De repente, o objetivo de não fechar as portas supera minha própria verdade e sou toda discurso para validar minhas atitudes. Posso incutir uma culpa que não existe no outro, apenas para não macular no meu espírito a dor de algo que não foi concretizado - esse algo pode ser o sentimento, o projeto, nada não necessariamente concreto - mas a não-convivência não pode ser minha culpa, então jogo!

Desculpem-me a viagem, mas isso foi apenas uma brincadeira do meu devaneio de mulher feita homem. É tão mais fácil vocês (homens) darem um fora do que ficar inventando história para não nos ver chorando por causa de mágoa solta, ou desenvolvida por vocês mesmos. Criam monstros para se matarem aos poucos...

18 março 2006

Eu sou foda

Qual a graça da vida se não houvesse as suspeitas ocultas
Natureza ou cultura,
o que o homem é

A minha natureza é moldada pela cultura/meio em que estou. Ou me adapto a ela, ou a ela vou contra. Mas isto, pensando aqui cá, ocorre de acordo com cada natureza, ou seja, têm aquelas que são propensas a se adaptarem mais, e têm aquelas outras propensas a menos. Sim, suspeito que somos seres relativos. E falando em relativismo, penso que entre natureza e cultura, exista é troca, isto é, eu faço a cultura, e a cultura me faz, e ambas assim a se transformar.
Movido à ressentimento
Sustentado pelo orgulho
Assim vou
A alçar vôo
ZERO
EQUILÍBRIO
- 0 +
NULO
NADA
TUDO

Sérgio Pontes... Ou melhor,
Antonin Artaud.

14 março 2006

Antonin Artaud


Sou Antonin Artaud e basta que eu o diga
Como só eu o sei dizer e imediatamente
hão de ver meu corpo atual voar em pedaços
e se juntar sob dez mil aspectos diversos.
Um novo corpo no qual nunca mais poderão esquecer.

Eu, Antonin Artaud,
sou meu filho, meu pai,
minha mãe, e eu mesmo.
Eu represento Antonin Artaud!
Estou sempre morto.
Mas um vivo morto,
Um morto vivo.
Sou um morto sempre vivo.
A tragédia em cena já não me basta.

Quero transportá-la para minha vida.
Eu represento totalmente a minha vida.
Onde as pessoas procuram criar obras de arte,
eu pretendo mostrar o meu espírito.
Não concebo uma obra de arte dissociada da vida.

Eu, o senhor Antonin Artaud,
nascido em Marseille no dia 4 de setembro de 1896,
eu sou Satã e eu sou Deus,
e pouco me importa a Virgem Maria.

Sem Assinatura
Imagem por Van Gogh
O prazer é uma dor
Gostosa
Que quer mais
Dor.

12 março 2006

A vida é p'ra ser CNTADA...

Minha primeira "briguinha".
Fiíco ficava incitando. Era de manhã, rua de terra, dia bem nublado. Até onde me recordo não havia ninguém na rua a não ser nós três: eu, Ieiéu e Fiíco. Dos três, Fiíco era o mais velho. Não me lembro também o que motivou o acontecido. Só sei que Fiíco foi o incitador. Se não fosse ele, a "briguinha" não teria ocorrido.
Bem, começamos, eu e Ieiéu. Dois moleques, pode-se dizer até duas crianças... O som das peles se chocando... Fiíco era um espectador em êxtase, ficava nos vendo como um juiz de ringue, dando saltos de prazer como um macaco. Depois de um tempo, começamos a parar. Ficamos a curta distância, ameaçando um ao outro. Fiíco continuava incitando. Eu não queria brigar, sou uma natureza pacífica nesse aspecto. Mas incitado por Fiíco e depois de uns sopapos levados, a gente entra no jogo, não?
A meu ver ganhei com uma margem bem pequena em relação ao meu adversário. Mas pode-se considerar que foi empate.
Fiíco feliz da vida e nós, eu e Ieiéu, fomos p'ra dentro de casa. Dias depois voltamos a brincar. Hoje, de vez em quando, revejo Ieiéu, mas parece que ele já não me reconhece mais. E se hoje brigássemos de novo, eu, provavelmente, perderia, pois Ieiéu hoje está um monstro.

Das mulheres...


Quero chupar a sua buceta
Explorar o seu prazer







Capa do livro "Sobre o desejo masculino".

08 março 2006

Silêncio




Chegaram acaso os dias de silêncio? Eu sei. A festa
da carne te saciou e estás agora preenchido até os poros de extremas
volúpias e danças dionísias. Os teus pés insinuam passos carnavalescos e o teu
corpo confunde corpos com outros que te deram um prazer efêmero, tua face, porém, guarda uma expressão séria, quase triste, enquanto ao teu redor estão
também os arrependidos, com suas infinitas culpas inúteis.
São as cinzas...
E seria este o tempo de se esgueirar com tímidos passos e a cabeça baixa? Talvez
não. É certo que a quaresma é como um longo domingo, e "domingo eu descobri que Deus é triste, pela semana afora e além do tempo"... Mas eu quero mais dos
domingos, tristeza sim, culpa nunca, silêncio só o eficaz... Eu quero mais vinho,
meus pés querem mais dança. Mas chegou o tempo do silêncio.

06 março 2006

Existo?
Suspeito que o que existe mesmo
É a inteligência:
Maestra regente do universo.

02 março 2006


Salvador Dalí.


Título: Manequim em Barcelona.

Novas luzes para os novos cristãos -

Os novos cristãos, os cristãos do século 21, não precisarão agora mais se preocupar com que as luzes de suas velas de suas típicas procissões se apaguem nos dias de bom vento. Pois isto já não é mais um problema para estes nostos tempos high tech. Vocês assistiram ao show da banda irlandesa U2? Pois então, agora as luzes das velas das típicas procissões dos cristãos podem ser substituídas pelas luzes contemporâneas dos celulares, esses nossos queridos babies. Só não se poderá, no entanto - importante! -, esquecer de recarregá-los...
As diversidades e desigualdades são que dão poesia à vida!

01 março 2006

O artista é um parasita!
Hipocrisia -

Aquele que melhor desenvolve a hipocrisia é o que melhor consegue con-viver na sociedade.